FACES DA CRÍTICA DE ALESSANDRO BARATTA
Resumo
O artigo propõe-se a analisar o pensamento crítico de Alessandro Baratta, criminólogo italiano de influência no campo criminológico crítico brasileiro, rastrear categorias utilizadas e dialogar com tradições que compartilhem dessa base teórica. Investiga-se o impacto dos estudos marxistas na concepção barattiana de crítica. Esse mapeamento resgata disputas filosóficas e sociológicas sobre os sentidos de ser crítico, discute com outras tradições críticas e problematiza supostos consensos. A investigação bibliográfica busca responder quais sentidos da crítica reputamos centrais na construção do pensamento barattiano a partir da perspectiva relacional entre Marx e Baratta. Explicitamos os diálogos que revelam raiz marxista, articulação do vocabulário de Marx na teoria barattiana e vinculação dos percursos de Baratta com os novos horizontes da crítica. Não há detalhamento dos autores selecionados, cuja obra excede bastante o que apresentamos. Interpretamos os autores que trazemos para o diálogo a partir de nossa inserção no campo. Acreditamos que selecionamos aspectos suficientes e necessários para o objetivo traçado. Identificamos que os sentidos da crítica barattiana inscrevem-se com forte influência do alfabeto marxista. Desde sua produção filosófica, passando pelas vertentes idealista e empírica dessa teoria criminológica até suas publicações finais, o “espectro de Marx” faz-se presente. Apesar do esforço em retomar diferentes rumos do debate, a crítica barattiana parece continuamente reelaborada sob lentes marxistas. A principal contribuição está na descrição e discussão das funcionalidades e transformações da crítica na obra de Baratta. Com isso, também avaliamos desdobramentos do debate no pensamento criminológico e na conformação das semânticas críticas na criminologia, especialmente no Brasil.
Palavras-chave
Texto completo:
PDF/AReferências
AEBI, M. Crítica de la Criminología crítica: Una lectura escéptica de Baratta. In: PÉREZ-ALVAREZ, F. (Ed.). Serta in Memoriam Alexandri Baratta. Salamanca: Universidad de Salamanca, 2004.
ALCOFF, L. Uma epistemologia para a próxima revolução. Sociedade e Estado. Brasília, n.1. v. 31, jan./abr, 2016.
ALVES, P. G. Trocando em miúdos: narrativas brasileiras em torno da Criminologia. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 2016.
ANDRADE, V. R. P. Do paradigma etiológico ao paradigma da reação social: Mudança e permanência de paradigmas criminológicos na ciência e no senso comum. Seqüência, v. 16, n. 30, pp. 24-36, 1995.
ANDRADE, V. R. P. Minimalismos, abolicionismos e eficientismo: a crise do sistema penal entre a deslegitimação e a expansão. Seqüência, n. 52, pp. 163-182, 2006.
ANDRADE, V. R. P. Pelas mãos da Criminologia. O controle penal para além da (des)ilusão. Rio de Janeiro: Revan; ICC, 2012.
ANITUA, G. I. La necesidad de investigar la prisón (desde afuera y desde adentro) para transformala. O sobre unas modestas experiencias en el ámbito de la Universidad de Buenos Aires. In: CODOCE, F.et al. Prisón y violencia. Las (im)posibilidades en torno a la reinserción social. Osorno: Universidad de Los Lagos, 2018.
ANIYAR DE CASTRO, L. “El jardin de al lado”, o respondiendo a Novoa Monreal sobre la Criminología Critica. Doctrina Penal, ano 9, n. 33, Buenos Aires, 1986.
BARATTA, A. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à sociologia do Direito Penal. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
BARATTA, A. Criminología y sistema penal. Compilación in memoriam. Buenos Aires: B & F, 2004.
BARATTA, A. Derecho y justicia en Marx. Sistema 54/55, Revista de Ciencias Sociais, n. 54-55, pp. 25-36, 1983.
BARATTA, A. Direitos humanos: entre a violência estrutural e a violência penal”. Fasc. de Ciênc. Penais, Porto Alegre, v. 6, n. 2, pp. 44-61, abr./mai./jun. 1993a.
BARATTA, A. El concepto actual de seguridad en Europa. RCSP, 8, 2001.
BARATTA, A. Ética e pós-modernidade”, en KOSOVSKI, Ester. Ética na comunicação. Rio de Janeiro: Mauad, 1995.
BARATTA, A. Funciones instrumentales y simbólicas del derecho penal: una discusión em la perspectiva de la criminología crítica. Pena y Estado. Revista Hispanolatinoamericana. La función simbólica del Derecho Penal, n. 1, set.-dez., 1991.
BARATTA, A. I nuovi orizzonti della prevenzione. Sicurezza e territorio. Bolonha, 1993b.
BARATTA, A. Integración-Prevención: Una ‘Nueva’ Fundamentación de la Pena Dentro de la Teoría Sistémica. Revista Doctrina Penal, ano 8, nº 29, Buenos Aires, Argentina, pp. 9-26, 1985.
BARATTA, A. Nachwort. In: SFORZA, W. C. Rechtsphilosophie. München: C.H. Beck, 1966.
BARATTA, A. Notas para una teoría de la liberación. Poder y control. Planteamientos sobre el control informal. Revista hispano-latinoamericana de disciplinas sobre el control social, Promociones Publicaciones Universitarias, n. 1, 1987.
BARATTA, A. O paradigma do gênero: da questão criminal à questão humana. In: CAMPOS, C. H. (org.) Criminologia e feminismo. Porto Alegre: Sulina, 1999.
BARATTA, A. Por una teoría materialista de la criminalidad y del control social. Estudios Penales y Criminológicos, vol. XII. Cursos e Congresos nº 57 Servizo de Publicacións da Universidade de Santiago de Compostela, p. 14-68, 1989.
BARATTA, A. Prefácio. In: ANDRADE, V. R. P. A ilusão de Segurança Jurídica. Do controle da violência à violência do controle penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997.
BARATTA, A. Problemas abiertos en la Filosofia del Derecho. Doxa, 1984.
BARATTA, A. Prólogo. In: MARTÍNEZ SÁNCHEZ, Mauricio. ¿Qué pasa en la criminología moderna? Bogotá: Temis, 1990.
BARATTA, A. The impact of sociology of law on government action. Proceedings of a Conference on Sociology of Law, Saarbrücken, Federal Republic of Germany, Sept, 5th-8th, 1977. Frankfurt: Lang, 1977.
BERGALLI, R. Alessandro Baratta. Filósofo del Derecho (Penal) y de la política: una persona, un personaje y una personalidade. Capítulo Criminológico, vol. 30, n. 4 , pp. 24-48, 2002.
BOBBIO, N. Marxismo e questão criminal. Carta a Alessandro Baratta, en BOBBIO, Norberto. Nem com Marx, nem contra Marx. São Paulo: UNESP, 2006.
BOURDIEU, P. Homo Academicus. Florianópolis: UFSC, 2017.
BOURDIEU, P. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
BOURDIEU, P. O campo científico. In: BOURDIEU, P. Sociologia. São Paulo: Ática, 1982.
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989.
BUTLER, J. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CANZIANI, C. La Criminologia Critica in Italia. Linee evolutive e generazionali dell’approccio critico allo studio della questione criminale. Tese (Doutorado). Università degli Studi di Milano. Milão, 2015/2016.
CARRINGTON, K.; HOGG, R.; SOZZO, M. “Southern Criminology”. British Journal of Criminology. Advance Access, 2015. Disponível em: http://bjc.oxfordjournals.org/. Acesso em: 23 nov. 2017).
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 1998,
CIRINO DOS SANTOS, J. Criminologia radical. Curitiba: Lumen Juris, 2008.
CORDEIRO, C. S. Doxas da crítica barattiana. A conformação de um campo criminológico crítico. 2020. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2020.
CRENSHAW, K. Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, vol. 1989, iss. 1, art. 8, 1989.
DE GIORGI, A. A face oculta de um mundo sem face: Reflexões sobre o pensamento de Alessandro Baratta. Veredas do Direito, Belo Horizonte, v. 2, n. 4, p. 33-43, 2005.
DE GIORGI, R [Entrevista concedida a] CANZIANI, Carolina (2015/2016): La Criminologia Critica in Italia. Linee evolutive e generazionali dell’approccio critico allo studio della questione criminale. Tese (Doutorado em Ciências Jurídicas). Università degli Studi di Milano. Milão: [s.n.], 2015/2016.
DEL OLMO, R. A América Latina e sua Criminologia. Rio de Janeiro: Revan, 2004.
DEL OLMO, R. Ruptura criminológica. Caracas: Universidad Central de Venezuela, 1979.
DEL OLMO, R. Segunda ruptura criminológica. Caracas: Universidad Central de Venezuela, 1990.
DEL OLMO, R. The development of criminology in Latin America. Social Justice, vol. 26, n. 2, 76, p. 19-45, 1999.
ELBERT, C. Apresentacion. In: BARATTA, A. Criminología y sistema penal. Compilación in memoriam. Buenos Aires: B & F, 2004.
FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1968.
FAUSTINO, D. M. Por que Fanon? Por que agora? Frantz Fanon e os fanonismos no Brasil. (Tese) Pós-Graduação em Sociologia na Universidade Federal de São Carlos, 2015.
FOUCAULT, M. O que é a crítica? In: FOUCAULT, M. Por uma vida não-fascista. Coletânea Michel Foucault Sabotagem, E-book, 2004.
GARLAND, D. Castigo y sociedad moderna. Un estúdio de teoría social. Mexico: Siglo XXI, 2006.
GIAMBERARDINO, A. R. Os passos de uma Criminologia marxista: Revisão bibliográfica em homenagem a Juarez Cirino dos Santos. In: ZILIO, J.; BOZZA, F. (org.). Estudos críticos sobre o sistema penal. Curitiba: LedZe, 2012.
GINDRI, E. T. As disputas dóxicas no campo da Revista Discursos Sediciosos (1996-2016): metacriminologia, engajamento político, e os debates sobre raça e gênero. 2018. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, 2018.
GRAMSCI, A. Intellectuals and education. In: FORGACS, D. The Gramsci reader. Selected writings 1916-1935. New York: New York University, 2000.
HALL, S. Race, Articulation, Societies Structured in Dominance. Sociological Theories: Race and Colonialism. UNESCO, Paris, p. 306-324, 1980.
HARDING, S. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista”. Estudos feministas, n. 1, ano 1, 1993.
HARTMANN, H. The unhappy marriage of Marxism and feminism: towards a more progressive union”, en SARGENT, L. (ed.). The unhappy marriage of Marxism and feminism. London: Pluto, 1981.
HATHAZY, P. Estudio preliminar. Una sociología de la internacionalización: Desde las profesiones a los campos internacionales e internacionalizados. In: DEZALAY, Y., GARTH, B. G. Sociología de la internacionalización. Villa María: Eduvim, 2017.
HORKHEIMER, M. Critical theory: selected essays. New York: Continuum, 2002.
LACLAU, E., MOUFFE, C. Hegemony and socialist strategy. London: Verso, 2001.
LARRAURI, E. Una defensa de la herencia de la criminologia crítica: a propósito del artículo de Marcelo Aebi “Crítica de la criminologia crítica: una lectura escéptica de Baratta”. Revista de Derecho Penal y Criminología, 2ª Época, n. 17, p. 259-277, 2006.
LYRA FILHO, R. Criminologia e dialética. Revista de Direito Penal, n. 1, 1971.
MACHADO, B. A., PÁDUA, T. A. Reminiscências do pensamento crítico de Lola Aniyar de Castro e o julgamento dos crimes contra a humanidade no Brasil”. Utopía y praxis latinoamericana. Revista Internacional de filosofia y teoría social, ano 24, n. extra 2, p. 101-123, 2019.
MANERO, J. R. Juaz Ruiz Manero (Alicante)”. Doxa. Problemas abiertos en la filosofia del derecho, n. 1, p. 209-213, 1984.
MARX, K. O capital. Crítica da economia política. Livro I. E-book. São Paulo: Boitempo, 2013.
MARX, K. Debates sobre a lei referente ao furto de madeira, en Os despossuídos. Debates sobre a lei referente ao furto de madeira. São Paulo: Boitempo, 2017, e-book.
MARX, K. Teses sobre Feuerbach. E-book. 1999.
MARX, K., ENGELS, F. A sagrada família. Ou A crítica da Crítica crítica contra Bruno Bauer e consortes. São Paulo: Boitempo, 2011.
MELOSSI, D. The penal question in “capital”. Crime and Social Justice, n. 5, Spring-Summer, p. 26-33, 1976.
NEDER, G. Nota introdutória à edição brasileira. In: RUSCHE, G.; KIRCHHEIMER, O. Punição e estrutura social. Rio de Janeiro: Revan, 2004.
NOVOA MONREAL, E. ¿Desorientación epistemologica en la Criminología Crítica?. Doctrina Penal, ano 8, n. 30, Buenos Aires, 1985.
PAVARINI, M. Para una crítica de la ideología penal. Una primera aproximación a la obra de Alessandro Baratta. In: RIVERA BEIRAS, I.; BERNAL, C. (coord.). Revista Anthropos: Huellas del Conocimiento, n. 204. Alessandro Baratta. El pensamento crítico y la cuestión criminal. Barcelona: Anthropos Editorial, 2004.
PINTO, C. R. J. O feminismo bem-comportado de Heleieth Saffioti (presença do marxismo)”. Estudos feministas, Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 321-342, 2014.
RUSCHE, G., KIRCHHEIMER, O. Punição e estrutura social. Rio de Janeiro: Revan, 2004.
SAVOIA, S. L’utopia concreta del diritto penale. Saggio sul pensiero di Alessandro Baratta. Lecce: Pensa MultiMedia, 2018.
SOUSA SANTOS, B. Por que é tão difícil construir uma teoria crítica? Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 54, p. 197-215, 1999.
SOZZO, M. Viagens culturais e a questão criminal. São Paulo: Revan, 2014.
VAN SWAANINGEN, R. Perspectivas europeas para una Criminología Crítica. Montevideo: Julio César Faira, 2011.
VASCONCELOS, F. T. R. Esboço de uma sociologia política das ciências sociais contemporâneas (1968- 2010): a formação do campo da segurança pública e o debate criminológico no Brasil. 2014. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2014.
YOUNG, J. The criminological imagination. Cambridge: Polity, 2011.
WOLKMER, A. C. Introdução ao pensamento jurídico crítico. São Paulo: Saraiva, 2002.
ZACKSESKI, C. Políticas integradas de segurança urbana: modelos de respostas alternativas à criminalidade de rua. Dissertação (Mestrado). Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina, 1997.
ZAFFARONI, E. R. Criminología. Aproximación desde un margen. Vol. I. Bogotá: Temis, 1988.
DOI: http://dx.doi.org/10.25247/2447-861X.2021.n253.p405-431
Apontamentos
- Não há apontamentos.

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Cadernos do CEAS: Revista Crítica de Humanidades
CEAS | UCSal | UNICAP
PPG em Políticas Sociais e Cidadania
Av. Cardeal da Silva, 205 – Federação.
CEP. 40231-902, Salvador, Bahia, Brasil.
E-mail: cadernosdoceas@gmail.com
ISSN (online): 2447-861X
INDEXAÇÃO/DIVULGAÇÃO
Bases de Dados/Diretórios
Portais