Ensaio sobre a condição dos animais não-humanos na cultura humana: o caso da vaquejada

Luciano Rocha Santana

Resumo


Este ensaio consiste em analisar o conceito antropológico de cultura e sua aplicação à relação animal humano versus animal não humano, tendo como parâmetro principal o pensamento de Dominique Lestel e buscando discutir a condição animal na prática da vaquejada.

Conclui-se que é da confluência entre o tradicional e o contemporâneo que a vaquejada se encontra inserida como uma manifestação cultural que, a despeito de possuir uma sólida base histórica para a sua concepção, foi cooptada pelo capital como um dos produtos da indústria do entretenimento na sociedade do espetáculo. Logo, como reflexo desta cooptação, constata-se que a atividade não guarda mais a interação que havia entre o vaqueiro da caatinga e o animal refugiado no mato, quando qualquer esforço utilizado para capturá-lo se devia ao fato das duras condições que caracterizavam essa atividade rural.


Texto completo:

PDF

Referências


AIRES, F. J. F. (2008). O “espetáculo do cabra-macho”: um estudo sobre os vaqueiros nas vaquejadas no Rio Grande do Norte. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Natal.

BOAS, F. (2014). Antropologia cultural. Tradução: Celso Castro. Rio de Janeiro: Zahar.

CUNHA, D. F. S. (2004). Patrimônio cultural: proteção legal e constitucional. Rio de Janeiro: Letra Legal.

DAMATTA, R. (1987). Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco.

EVANS-PRITCHARD, E. E. (1992). Los nuer. 2. ed. Traducción: Carlos Manzano. Barcelona: Anagrama.

GARCÍA RASO, D. (2013). Los otros hijos de Hefesto: uso y fabricación de herramientas en animales no humanos. Madrid: JAS Arqueología Editorial.

GEERTZ, C. (2003). La interpretación de las culturas. 12. Reimp. Traducción: Alberto L. Bixio. Barcelona: Gedisa.

GORDILHO, H. J. S; FIGUEIREDO, F. J. G. (2016). A vaquejada à luz da Constituição Federal. Revista de biodireito e direito dos animais, Curitiba, v. 2, n. 2, jul/dez.

HERSKOVITS, M. J. (1973). Antropologia cultural. 2. ed. Tradução: Maria José de Carvalho e Hélio Bichels. São Paulo: Mestre Jou, v. I.

INGOLD, T. (1995). Humanidade e animalidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 10, n. 28.

LESTEL, D. (2002). As origens animais da cultura. Tradução: Maria João Batalha Reis. Lisboa: Piaget.

LÉVI-STRAUSS, C. (1982). As estruturas elementares do parentesco. Tradução: Mariano Ferreira. Petrópolis: Vozes.

MACEDO, F. M. (2015). Vaquejadas e o dever de proteção ambiental. Revista jurídica luso-brasileira, Lisboa, a. 1, n. 1.

MALINOWSKI, B. (1970). Uma teoria científica da cultura. Tradução: José Auto. Rio de Janeiro: Zahar.

MULLIN, M. (2002). Animals and anthropology. Society & Animals, Leiden, v. 10, n. 4.

NEVES, W. A. (2002). Antropologia ecológica: um olhar materialista sobre as sociedades humanas. 2. ed. São Paulo: Cortez.

PEREIRA, R. M. (2016). Dominação e confiança: vaqueiros e animais nas pegas de boi do sertão de Pernambuco. Teoria e cultura, Juiz de Fora, v. 11, n. 2, jul/dez.

REGAN, T. (1983). The case for animal rights. Berkeley: University of California Press.

SAHLINS, M. (1997). O “pessimismo sentimental” e a experiência etnográfica: por que a cultura não é um “objeto” em via de extinção. Maná, v. 3, n. 1, Rio de Janeiro, abr.

SALVADOR, Â. D. (1971). Cultura e educação brasileiras. Petrópolis, RJ: Vozes.

SANTANA, L. R.; OLIVEIRA, T. P. (2005). O patrimônio cultural imaterial das populações tradicionais e sua tutela pelo direito ambiental. In: Anais do 9º Congresso Internacional de Direito Ambiental: Paisagem, Natureza e Direito. São Paulo: Diário Oficial do Estado de São Paulo, v. II.

SANTANA, L. R. (2018). La teoría de los derechos animales de Tom Regan: ampliando las fronteras de la comunidad moral y de los derechos más allá de lo humano. Valencia: Tirant lo Blanch.

TAPETY, A. F. (2007). “O vaqueiro no Piauí”: representações e práticas socioculturais (1960-2000). Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Universidade Federal do Piauí, Centro de Ciências Humanas e Letras, Teresina.

TEIXEIRA, J. C.; HESPANHOL, A. N. (2014). A trajetória da pecuária bovina brasileira. Caderno prudentino de geografia, Presidente Prudente, n. 36, v. 1, p. 26-38, jan/jul.

VON UEXKÜLL, T. (2004). A teoria da Umwelt de Jakob von Uexküll. Galáxia, n. 7, abr.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


INDEXAÇÃO/DIVULGAÇÃO:

Bases de dados/Diretórios:

 

  

      

  

    

 

Portais:

 

_________________________________________________________

Revista Latino-Americana de Direitos da Natureza e dos Animais

Salvador - Estado da Bahia - Brasil

e-ISSN: 2676-0150

 

Revista Latinoamericana de los Derechos de la Naturaleza y de los Animales

Salvador de Bahía - Estado de Bahía - Brasil

e-ISSN: 2676-0150

 

Latin American Journal of Nature Rights and Animal Law

Salvador - State of Bahia - Brazil

e-ISSN: 2676-0150